sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A História de que falamos, é a que define Aristóteles na Poética (1451b), é essa que Gil Vicente entendeu oferecer-nos com os seus Autos. Ele é um poeta no sentido dado pelo filósofo da Poética, quando diz que: A distinção entre o historiador e o poeta não está no facto de um escrever em prosa e o outro em verso; podemos transferir para verso a obra de Herodoto, e ela continuará pertencendo à disciplina de história. A diferença reside em que, um relata os factos sucedidos, e o outro inventa o sucedido, pelo que podia ou devia suceder. Daí que a poesia, [a Arte] seja mais filosófica [tal como na visão dialéctica de Platão] e de maior dignidade que a história, posto que as suas proposições são mais do tipo universal, enquanto que as da história são apenas particulares. E Gil Vicente é pela Comédia, embora as técnicas da tragédia estejam presentes nas suas obras, pela comédia, pelo facto de as coisas terem acontecido [os factos históricos já sucedidos], torna-se evidente que eram possíveis de suceder, pois não teriam ocorrido se fossem impossíveis (...), assim não é necessário que se limite às histórias tradicionais como na tragédia. [p.216-217, Auto da Alma de Gil Vicente, Erasmo, o Enquiridion e Júlio II... de Noémio Ramos]

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