sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Realizado por:
Formanda:
Catarina Jacinto

Formadora:
Paula Valadares

Gil vicente

O grande desaparecimente do grandioso Gil Vicente foi aproximadamente na época de 1536.
Varias testemunhas oculares afirmam que se trata de um acto de vingança feito pela nobreza pela sua obra tão criticada.
Afirmam tambem que se trata de um rapto contratado.......

Enfim desapareceu um grande poeta e escritor que todos adiravam e hoje em dia se houve muito falar deste grandioso Homem...............
Duas formas do drama grego, a comédia e a tragédia, acabaram por dominar o teatro Dionisíaco, embora as outras formas dramáticas não tivessem morrido. Em Atenas, dois festivais eram dedicados todos os anos à comédia e à tragédia. O festival Dionisíaco da cidade, em março-abril, concentrava-se na tragédia. O festival Lêneo, que tinha esse nome devido ao mês grego (janeiro-fevereiro), tradicionalmente reservado para a ce lebração de casamento, era dedicado principalmente à comédia.
Os treatólogos apresentavam suas obras a um funcionário chamado arconte. Se o arconte aprovasse a peça seria encenada. Era dado aos autores vitoriosos um corego (um cidadão rico para custear as despesas da peça). O corego escolhia então um tocador de flauta e um coro e prosseguia com a encenação. Se o corego fosse generoso, surgia uma produção opulenta. Em cada festival um juri de cidadãos julgava as peças, e os vencedores recebiam a coroa dionisíaca.

O teatro grego

No começo, o teatro grego não era apenas uma narração dramática, era um rito religioso em honra a Dionísio.
Os teatros eram auditórios ao ar livre. A hora do início do espetáculo era o amanhecer. Muitas vezes os cidadãos assistiam a 3 tragédias, uma tragicomédia e uma comédia. O teatro era considerado parte da educaçõa de um grego. Em Atenas, o comércio era suspenso durante os festivais dramáticos. Os tribunais fechavam e os presos eram soltos da cadeia. O preço da entrada era dispensado para quem não pudesse pagar, e até as mulheres, que não podiam participar de quase todos os acontecimentos públicos, eram bem recebidas no teatro.

Gil Vicente: a criação do teatro português

É praticamente desconhecida a vida de Gil Vicente, fundador do teatro português. Alguns autores identificam-no com um famoso ourives daquela época, também chamado Gil Vicente. Tal hipótese, no entanto, num entanto é bastante questionável. De certo sabe-se que terá nascido por volta de 1460. Em 1502 encenou a sua primeira peça, «O Monólogo do Vaqueiro» ou «Auto da Visitação», que se resumia numa simples salvação pelo nascimento do futuro D. João III filho de D. Manuel e de D. Maria de Castela, recitado na câmara real em nome dos servidores do paço. Tendo obtido boa acolhida, encenou, por ocasião das festas de Natal, uma outra peça, o «Auto Pastoril Castelhano». Daí por diante passa a escrever e representar regularmente para a diversão da nobreza, o que lhe angariou, em pouco tempo, uma situação de alto prestigio na corte. Sua última representação data de 1536.
Em vida muito pouco da sua imensa obra foi publicada. Somente em 1562 é que seu filho, Luís Vicente, publicou a «Compilaçam de todalas obras de Gil Vicente», cheia de falas e incompleta.

Teatro em Portugal Antes de Gil Vicente houve teatro?

Esta é a primeira pergunta que surge naturalmente no nosso espírito ao iniciarmos o estudo sobre Gil Vicente.
Durante a idade Média e antes do Plauto português houve representações figurativas de carácter religioso e profano - os jograis e as jogralesas com os seus recitativos e danças teriam sido os nossos primeiros actores - mas não houve teatro.
Cada mito conta como uma realidade veio a existir. Os ritos possuíam regras de acordo com o que propunha o estado e a religião, eram apenas a história do mito em ação ou seja em movimento. Estes rituais propagavam as tradições, apelo as entidades sobrenaturais, oferenda para obtenção de favores, para homenagem, para divertimento e sinal de honra aos nobres.
Na Grécia sim, surge o teatro. Surge o DITIRAMBO, um tipo de procissão informal que mais tarde ficou mais organizada era para homenagear o Deus Dioniso. Era um culto de evolução e louvação a determinado Deus.
Mais tarde o ditirambo evoluiu, tinha um coro formado por coreutas e pelo corifeu, eles cantavam, dançavam, contavam histórias e mitos relacionados a Deus. A grande inovação se deu quando se criou o diálogo entre coreutas e corifeu. Cria-se a ação na história. Surgem assim os primeiros textos teatrais.
A princípio tudo acontecia nas ruas, depois tornou-se necessário um lugar. Aí surgiram os primeiros teatros.
E foi assim que o teatro foi evoluindo. Com o tempo surgiram novas formas de fazer teatro

A ORIGEM DO TEATRO

O teatro surge a partir do desenvolvimento do homem, através das suas necessidades.
O homem primitivo era caçador e selvagem, sentia necessidade de dominar a natureza. Através destas necessidades surgem invenções como o desenho e o teatro na sua forma mais primitiva.
Eram umas espécies de danças dramáticas coletivas que abordavam as questões do seu dia a dia, uma espécie de rito de celebração, agradecimento ou perda.
Estas pequenas evoluções se deram com o passar de vários anos. Com o tempo o homem passou a realizar rituais sagrados na tentativa de apaziguar os efeitos da natureza, harmonizando-se com ela.
Os ritos começaram a evoluir, surgem danças miméticas, os homens praticam a MIMESIS (mímica) e as mulheres cantam.
Com o surgem da civilização egípcia os pequenos ritos se tornaram grandes rituais formalizados e baseados em mitos (histórias que narram o sagrado do mundo.

História do teatro

O teatro surgiu a partir do desenvolvimento do homem, através das suas necessidades. O homem primitivo era caçador e selvagem, por isso sentia necessidade de dominar a natureza. Através destas necessidades surgem invenções como o desenho e o teatro na sua forma mais primitiva. O teatro primitivo era uma espécie de danças dramáticas colectivas que abordavam as questões do seu dia a dia, uma espécie de rito de celebração, agradecimento ou perda. Estas pequenas evoluções deram-se com o passar de vários anos. Com o tempo o homem passou a realizar rituais sagrados na tentativa de apaziguar os efeitos da natureza, harmonizando-se com ela. Os mitos começaram a evoluir, surgem danças miméticas( compostas por mímica e música). Com o surgimento da civilização egípcia os pequenos ritos tornaram-se grandes rituais formalizados e baseados em mitos. Cada mito conta como uma realidade veio a existir. Os mitos possuíam regras de acordo com o que propunha o estado e a religião, eram apenas a história do mito em ação, ou seja, em movimento. Estes rituais propagavam as tradições e serviam para o divertimento e a honra dos nobres. Na Grécia sim, surge o teatro. Surge o “ditirambo”, um tipo de procissão informal que servia para homenagear o Deus Dioniso(Deus do Vinho). Mais tarde o “ditirambo” evoluiu, tinha um coro formado por coreutas e pelo corifeu, eles cantavam, dançavam, contavam histórias e mitos relacionados a Deus. A grande inovação deu-se quando se criou o diálogo entre coreutas e o corifeu. Cria-se assim a acção na história e surgem os primeiros textos teatrais. No ínicio fazia-se teatro nas ruas, depois tornou-se necessário um lugar. E assim surgiram os primeiros teatros.
Essa posição crítica é , no fundo , uma tentativa de volta ao passado . Contemporâneo das modificações operadas na sociedade portuguesa em função do desenvolvimento comercial gerado pelas conquistas ultramarinas , o espírito medieval de Gil Vicente não encontra lugar na nova ordem que se vai construindo . Daí seu ataque ferino a todas as classes sociais , que são chamadas a uma reconsideração de atitudes e valores . Embora vivendo em pleno Renascimento , para Gil Vicente o homem não era a medida de todas as coisas . A concepção teocêntrica da vida e a fidelidade aos valores espirituais ainda norteiam sua visão crítica. Como bem resumir a estudiosa Carolina Michaëlis , "além de poeta , Gil Vicente era pensador , e era cristão de fé medieval . Colocado nos umbrais do tempo moderno , emancipado , e só de leve atingido pelo bafo humanista do Renascimento com seus gozos intelectuais e aristocráticos , ele tinha sempre em mente o mundo do além ; preocupava-se com a salvação da alma e o bom emprego de cada dia do capítulo da vida que passamos neste mundo terrestre . Tinha simpatia pelos humildes , ingênuos e perseguidos ; antipatia pelos prevaricadores e devassos . "

A CRÍTICA RELIGIOSA E SOCIAL

Pode-se dizer que o teatro popular de Gil Vicente expressa uma visão extremamente crítica da sociedade da época .
Sem fazer distinção entre as classes sociais , coloca o autor em cena os erros e vaidades de ricos e pobres , nobres e plebeus ; censura a hipocrisia dos frades que não fazem o que pregam ; denuncia os exploradores do povo , sejam eles juízes ou sapateiros ; desnuda a imoralidade das alcoviteiras e satiriza os velhos sensuais ; ridiculariza os supersticiosos e os charlatães . No conjunto , seu teatro apresenta um vasto painel crítico das classes sociais do fim da Idade Média portuguesa . Tentando alcançar a consciência de cada homem , Gil Vicente deixa explícito em suas peças que seu objetivo não é apenas divertir mas sim destacar os vícios de uma sociedade cada vez mais materialistas e corrupta para reconduzi-la ao caminho do Bem .
A História de que falamos, é a que define Aristóteles na Poética (1451b), é essa que Gil Vicente entendeu oferecer-nos com os seus Autos. Ele é um poeta no sentido dado pelo filósofo da Poética, quando diz que: A distinção entre o historiador e o poeta não está no facto de um escrever em prosa e o outro em verso; podemos transferir para verso a obra de Herodoto, e ela continuará pertencendo à disciplina de história. A diferença reside em que, um relata os factos sucedidos, e o outro inventa o sucedido, pelo que podia ou devia suceder. Daí que a poesia, [a Arte] seja mais filosófica [tal como na visão dialéctica de Platão] e de maior dignidade que a história, posto que as suas proposições são mais do tipo universal, enquanto que as da história são apenas particulares. E Gil Vicente é pela Comédia, embora as técnicas da tragédia estejam presentes nas suas obras, pela comédia, pelo facto de as coisas terem acontecido [os factos históricos já sucedidos], torna-se evidente que eram possíveis de suceder, pois não teriam ocorrido se fossem impossíveis (...), assim não é necessário que se limite às histórias tradicionais como na tragédia. [p.216-217, Auto da Alma de Gil Vicente, Erasmo, o Enquiridion e Júlio II... de Noémio Ramos]
Em suma, o trabalho de Gil Vicente é um trabalho que diz respeito e interessa a toda a Europa, é a História da Europa numa das suas épocas de ouro – a Renascença e a Reforma. Numa obra exemplar que surge oferecendo à alma complexa discursos complexos e com toda a espécie de harmonias, e simples à alma simples.  [p.163, Gil Vicente e Platão, Arte e Dialéctica, Íon de Platão... de Noémio Ramos] Sublinhamos mais uma vez: o estudo de cada peça transporta-nos sobretudo para a literatura, a filosofia, as ideologias políticas e religiosas, para a História, o poder político e a correlação de forças sociais, económicas e políticas na época. O Poder na Europa é o traço comum deixado pelo autor em quase todos os seus autos.  [p.164, Gil Vicente e Platão, Arte e Dialéctica, Íon de Platão... de Noémio Ramos]
Nunca um autor dramático colocou em cena tanta informação sobre a sua época, a época em que viveu, a luta ideológica do seu tempo e as perspectivas filosóficas, sociais e políticas, os conflitos de Poder que a cada passo vão sucedendo... [p.162-163, Gil Vicente e Platão, Arte e Dialéctica, Íon de Platão... de Noémio Ramos] Nunca um autor dramático soube tão bem representar o seu tempo como Gil Vicente! Criando e dizendo sempre o que muito bem quis, nas barbas do Poder Real e Eclesiástico. Não existe para ele um modelo, nem nenhum autor se lhe pode comparar. A sua obra é a melhor lição de liberdade intelectual, de Filosofia da época, das ideologias e da História, da História da Europa do seu tempo, da Renascença, a melhor (a mais Bela) que alguma vez poderemos vir a encontrar, e escrita com o desenrolar dos próprios acontecimentos. Infelizmente faltam alguns autos, entre seis, oito ou mais autos, que melhor completariam o traçado de continuidade (da História) na sua obra.
Quanto aos assuntos que servem de substância (matéria), às suas peças, Gil Vicente segue a tradição grega, e coloca em cena a História, os conflitos humanos, sociais e políticos, retirados da própria História, bem em cima dos acontecimentos, em cada momento da sua própria existência. A sua obra é sobretudo a História da Europa, num dos seus momentos mais importantes. A formação dos Estados pelas Nações, os conflitos gerados com os desejos de um Império e a transformação da Igreja Medieval numa Igreja Imperial, ou Nacional. E nestas condições, a partilha dos devidos bens pelos diversos Estados que já não se querem sujeitar à Igreja nem admitem uma Igreja Imperial, as guerras de Itália, as revoltas, os conflitos ideológicos do Poder na Europa, os conflitos religiosos, a Reforma e o início da Contra-Reforma, a ascensão da Burguesia e da Banca, o desenvolver dos Parlamentos, as novas economias e novas formas de governo, as tentativas de ascensão do povo ao poder, a liberdade política e a liberdade de pensamento e sua expressão, etc.. Tudo isto, e talvez muito mais e melhor, consta e é uma constante ao longo das suas obras.  
O Auto da Alma em 1508, constitui a sua primeira grande obra, depois de o autor se ter libertado das suas experiências iniciais de aprendizagem. Mas, como acontece com os ensinamentos de Aristóteles e de Platão, nem Sófocles, nem Aristófanes, nem muitos outros saberes, se terão perdido para Gil Vicente. Mencionámos as aprendizagens, as técnicas do discurso, da poesia e do drama, referindo também as artes plásticas, que na época além da arquitectura, mecânica, engenharia (civil, militar, etc.), pintura, escultura, ourivesaria, incluíam os figurinos (alfaiate), o espectáculo dos cortejos, dos triunfos, e cerimónias dos senhores da renascença, faltará ainda referir os assuntos tratados pelo dramaturgo nas suas peças, e pelos assuntos definir os temas, as personagens, o seu carácter e pensamento, as ideias que cada um manifesta, etc.. E como referimos quando tratámos dos autos da primeira fase, o mythos, nas suas obras, mantém o significado original dado pelos gregos, na sua relação última com a História. [p.162, Gil Vicente e Platão, Arte e Dialéctica, Íon de Platão... de Noémio Ramos]
Gil Vicente Quem foi? Biografia Corte epistemológico Sobre as Obras Joeira das Obras Sobre a Censura Cultura popular Obras Obra dramática Custódia de Belém Preâmbulo Sepultura Tormenta Outras Autos Alma Índia Pastoril Castelhano Ressurreição Cultura Aristóteles Platão Platão (Fedro) Platão (Hípias) Platão (Íon) Leon B. Alberti Ideologias Erasmo Enquiridion Projecto Produção Pesquisa Encenação Contactos Downloads Artigos, Autos, Textos Ligações
       
Renascença e Reforma - os líderes políticos e os ideológos - ideologia e História da Europa.
 

Introdução

As obras dramáticas de Gil Vicente são demasiado complexas para se deixarem ler por simples identificação e reconhecimento, há que recordar, reflectir, analisar e, com cuidada reflexão, anular as hipóteses que se negam em confronto com a realidade. Com Platão diremos, arrastando aos poucos os olhos da alma da espécie de lodo bárbaro em que está atolada elevando-os às alturas, ascendendo na linha dividida na vertical e, se o conseguirmos, alcançando por clarividência o Belo inteligível na sua Arte, todavia, as obras de Gil Vicente são também simples para as almas simples... [p.215, Auto da Alma de Gil Vicente, Erasmo, o Enquiridion e Júlio II... de Noémio Ramos]

Elementos filosóficos na obra vicentina

A obra de Gil Vicente transmite uma visão do mundo que se assemelha e se posiciona como uma perspectiva pessoal do Platonismo: existem dois mundos - o Mundo Primeiro, da serenidade e do amor divino, que leva à paz interior, ao sossego e a uma "resplandecente glória", como dá conta sua carta a D. João III; e o Mundo Segundo, aquele que retrata nas suas farsas: um mundo "todo ele falso", cheio de "canseiras", de desordem sem remédio, "sem firmeza certa". Estes dois mundos reflectem-se em temas diversos da sua obra: por um lado, o mundo dos defeitos humanos e das caricaturas, servidos sem grande preocupação de verosimilhança ou de rigor histórico.
Muitos autores criticam em Gil Vicente os anacronismos e as falhas na narrativa (aquilo a que chamaríamos hoje de "gaffes"), mas, para alguém que considerava o mundo retratado como pleno de falsidades, essas seriam apenas mais algumas, sem importância e sem dano para a mensagem que se pretendia transmitir. Por outro lado, o autor valoriza os elementos míticos e simbólicos religiosos do Natal: a figura da Virgem Mãe, do Deus Menino, da noite natalícia, demonstrando aí um zelo lírico e uma vontade de harmonia e de pureza artística que não existe nas suas mais conhecidas obras de crítica social.
Sem as características do maniqueísmo que tantas vezes se constatam nas peças teatrais de quem defende uma tal visão do Mundo, há, realmente, a presença de um forte contraste nos elementos cénicos usados por Gil Vicente: a luz contra a sombra, não numa luta feroz, mas em convivência quase amigável. A noite de natal torna-se também aqui a imagem perfeita que resume a concepção cósmica de Gil Vicente: as grandes trevas emolduram a glória divina da maternidade, do nascimento, do perdão, da serenidade e da boa vontade - mas sem a escuridão, que seria da claridade?
Acima de tudo, o autor exprime-se de forma inspirada, dionisíaca, nem sempre obedecendo a princípios estéticos e artísticos de equilíbrio. É também versátil nas suas manifestações: se, por um lado, parece ser uma alma rebelde, temerária, impiedosa no que toca em demonstrar os vícios dos outros, quase da mesma forma que se esperaria de um inconsciente e tolo bobo da corte, por outro lado, mostra-se dócil, humano e ternurento na sua poesia de cariz religioso e quando se trata de defender aqueles a quem a sociedade maltrata.
O seu lirismo religioso, de raiz medieval e que demonstra influências das Cantigas de Santa Maria está bem presente, por exemplo, no Auto de Mofina Mendes, na cena da Anunciação, ou numa oração dita por Santo Agostinho no Auto da Alma. Por essa razão é, por vezes, designado por "poeta da Virgem".
O seu lirismo patriótico presente em "Exortação da Guerra", Auto da fama ou Cortes de Júpiter, não se limita a glorificar, em estilo épico e orgulhoso, a nacionalidade: de facto, é crítico e eticamente preocupado, principalmente no que diz respeito aos vícios nascidos da nova realidade económica, decorrente do comércio com o Oriente (Auto da Índia). O lirismo amoroso, por outro lado, consegue aliar algum erotismo e alguma brejeirice com influências mais eruditas (Petrarca, por exemplo).
Entre suas obras estão Auto Pastoril Castelhano (1502) e Auto dos Reis Magos (1503), escritas para celebração natalina. Dentro deste contexto insere-se ainda o Auto da Sibila Cassandra (1513), que, embora até muito recentemente tenha sido visto como um prenúncio dos os ideais renascentistas em Portugal, retoma uma narrativa já presente na General Estória de Afonso X. Sua obra-prima é a trilogia de sátiras Auto da Barca do Inferno (1516), Auto da Barca do Purgatório (1518) e Auto da Barca da Glória (1519). Em 1523 escreve a Farsa de Inês Pereira.
Auto de Mofina Mendes, onde se inclui uma anunciação, de acordo com os temas marianos, gratos ao autor
São geralmente apontados, como aspectos positivos das suas peças, a imaginação e originalidade evidenciadas; o sentido dramático e o conhecimento dos aspectos relacionados com a problemática do teatro.
Alguns autores consideram que a sua espontaneidade, ainda que reflectindo de forma eficaz os sentimentos colectivos e exprimindo a realidade criticável da sociedade a que pertencia, perde em reflexão e em requinte. De facto, a sua forma de exprimir é simples, chã e directa, sem grandes floreados poéticos.
Será ele que dirigirá os festejos em honra de Dona Leonor, a terceira mulher de Dom Manuel, no ano de 1520, um ano antes de passar a servir Dom João III, conseguindo o prestígio do qual se valeria para se permitir a satirizar o clero e a nobreza nas suas obras ou mesmo para se dirigir ao monarca criticando as suas opções. Foi o que fez em 1531, através de uma carta ao rei onde defende os cristãos-novos.
Morreu em lugar desconhecido, talvez em 1536 porque é a partir desta data que se deixa de encontrar qualquer referência ao seu nome nos documentos da época, além de ter deixado de escrever a partir desta data.
Se foi realmente ourives, terminou a sua obra-prima nesta arte - a Custódia de Belém - feita para o Mosteiro dos Jerónimos, em 1506, produzida com o primeiro ouro vindo de Moçambique. Três anos depois, este mesmo ourives tornou-se vedor do património de ourivesaria no Convento de Cristo, em Tomar, Nossa Senhora de Belém e no Hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa.
Consegue-se ainda apurar algumas datas em relação a esta personagem que tanto pode ser una como múltipla: em 1511 é nomeado vassalo de el-Rei e, um ano depois, sabe-se que era representante da bandeira dos ourives na "Casa dos Vinte e Quatro". Em 1513, o mestre da balança da Casa da Moeda, também de nome de Gil Vicente (se é o mesmo ou não, como já se disse, não se sabe), foi eleito pelos outros mestres para os representar junto à vereação de Lisboa.
Tornou-se, então, responsável pela organização dos eventos palacianos. Dona Leonor pediu ao dramaturgo a repetição da peça pelas matinas de Natal, mas o autor, considerando que a ocasião pedia outro tratamento, escreveu o Auto Pastoril Castelhano. De facto, o Auto da Visitação tem elementos claramente inspirados na "adoração dos pastores", de acordo com os relatos do nascimento de Cristo. A encenação incluía um ofertório de prendas simples e rústicas, como queijos, ao futuro rei, ao qual se pressagiavam grandes feitos. Gil Vicente que, além de ter escrito a peça, também a encenou e representou, usou, contudo, o quadro religioso natalício numa perspectiva profana. Perante o interesse de Dona Leonor, que se tornou a sua grande protectora nos anos seguintes, Gil Vicente teve a noção de que o seu talento lhe permitiria mais do que adaptar simplesmente a peça para ocasiões diversas, ainda que semelhantes.
Entre suas obras estão Auto Pastoril Castelhano (1502) e Auto dos Reis Magos (1503), escritas para celebração natalina. Dentro deste contexto insere-se ainda o Auto da Sibila Cassandra (1513), que, embora até muito recentemente tenha sido visto como um prenúncio dos os ideais renascentistas em Portugal, retoma uma narrativa já presente na General Estória de Afonso X. Sua obra-prima é a trilogia de sátiras Auto da Barca do Inferno (1516), Auto da Barca do Purgatório (1518) e Auto da Barca da Glória (1519). Em 1523 escreve a Farsa de Inês Pereira.
Auto de Mofina Mendes, onde se inclui uma anunciação, de acordo com os temas marianos, gratos ao autor
São geralmente apontados, como aspectos positivos das suas peças, a imaginação e originalidade evidenciadas; o sentido dramático e o conhecimento dos aspectos relacionados com a problemática do teatro.
Alguns autores consideram que a sua espontaneidade, ainda que reflectindo de forma eficaz os sentimentos colectivos e exprimindo a realidade criticável da sociedade a que pertencia, perde em reflexão e em requinte. De facto, a sua forma de exprimir é simples, chã e directa, sem grandes floreados poéticos.
O seu filho, Luís Vicente, na primeira compilação de todas as suas obras, classificou-as em autos e mistérios (de carácter sagrado e devocional) e em farsas, comédias e tragicomédias (de carácter profano). Contudo, qualquer classificação é redutora - de facto, basta pensar na Trilogia das Barcas para se verificar como elementos da farsa (as personagens que vão aparecendo, há pouco saídas deste mundo) se misturam com elementos alegóricos religiosos e místicos (o Bem e o Mal).
Gil Vicente retratou, com refinada comicidade, a sociedade portuguesa do século XVI, demonstrando uma capacidade acutilante de observação ao traçar o perfil psicológico das personagens. Crítico severo ores" - rindo se castigam os costumes), Gil Vicente é também um dos mais importantes autores satíricos da língua portuguesa. Em 44 peças, usa grande quantidade de personagens extraídos do espectro social português da altura. É comum a presença de marinheiros, ciganos, camponeses, fadas e demônios e de referências – sempre com um lirismo nato – a dialetos e linguagens populares

Obra: Características principais

A sua obra vem no seguimento do teatro ibérico popular e religioso que já se fazia, ainda que de forma menos profunda. Os temas pastoris, presentes na escrita de Juan del Encina vão influenciar fortemente a sua primeira fase de produção teatral e permanecerão esporadicamente na sua obra posterior, de maior diversidade temática e sofistificação de meios. De facto, a sua obra tem uma vasta diversidade de formas: o auto pastoril, a alegoria religiosa, narrativas bíblicas, farsas episódicas e autos narrativos.
Ilustração da edição original do Auto da Barca do Inferno
Será ele que dirigirá os festejos em honra de Dona Leonor, a terceira mulher de Dom Manuel, no ano de 1520, um ano antes de passar a servir Dom João III, conseguindo o prestígio do qual se valeria para se permitir a satirizar o clero e a nobreza nas suas obras ou mesmo para se dirigir ao monarca criticando as suas opções. Foi o que fez em 1531, através de uma carta ao rei onde defende os cristãos-novos.
Morreu em lugar desconhecido, talvez em 1536 porque é a partir desta data que se deixa de encontrar qualquer referência ao seu nome nos documentos da época, além de ter deixado de escrever a partir desta data.
Se foi realmente ourives, terminou a sua obra-prima nesta arte - a Custódia de Belém - feita para o Mosteiro dos Jerónimos, em 1506, produzida com o primeiro ouro vindo de Moçambique. Três anos depois, este mesmo ourives tornou-se vedor do património de ourivesaria no Convento de Cristo, em Tomar, Nossa Senhora de Belém e no Hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa.
Consegue-se ainda apurar algumas datas em relação a esta personagem que tanto pode ser una como múltipla: em 1511 é nomeado vassalo de el-Rei e, um ano depois, sabe-se que era representante da bandeira dos ourives na "Casa dos Vinte e Quatro". Em 1513, o mestre da balança da Casa da Moeda, também de nome de Gil Vicente (se é o mesmo ou não, como já se disse, não se sabe), foi eleito pelos outros mestres para os representar junto à vereação de Lisboa.
Tornou-se, então, responsável pela organização dos eventos palacianos. Dona Leonor pediu ao dramaturgo a repetição da peça pelas matinas de Natal, mas o autor, considerando que a ocasião pedia outro tratamento, escreveu o Auto Pastoril Castelhano. De facto, o Auto da Visitação tem elementos claramente inspirados na "adoração dos pastores", de acordo com os relatos do nascimento de Cristo. A encenação incluía um ofertório de prendas simples e rústicas, como queijos, ao futuro rei, ao qual se pressagiavam grandes feitos. Gil Vicente que, além de ter escrito a peça, também a encenou e representou, usou, contudo, o quadro religioso natalício numa perspectiva profana. Perante o interesse de Dona Leonor, que se tornou a sua grande protectora nos anos seguintes, Gil Vicente teve a noção de que o seu talento lhe permitiria mais do que adaptar simplesmente a peça para ocasiões diversas, ainda que semelhantes

Dados biográficos

Apesar de se considerar que a data mais provável para o seu nascimento tenha sido em 1466, Sabe-se que casou com Branca Bezerra, de quem nasceram Gaspar Vicente(que morreu em 1519) e Belchior Vicente(nascido em 1505). Depois de enviuvar, casou com Melícia Rodrigues de quem teve Paula Vicente (1519-1576), Luís Vicente (que organizou a compilação das suas obras) e Valéria Borges. Presume-se que tenha estudado em Salamanca.
O Monólogo do vaqueiro, como teria sido representado pelo próprio Gil Vicente, de acordo com a visão do pintor Roque Gameiro.
O seu primeiro trabalho conhecido, a peça em sayaguês Auto da Visitação, também conhecido como Monólogo do Vaqueiro, foi representada nos aposentos da rainha D. Maria, consorte de Dom Manuel, para celebrar o nascimento do príncipe (o futuro D. João III) - sendo esta representação considerada como o marco de partida da história do teatro português. Ocorreu isto na noite de 8 de Junho de 1502, com a presença, além do rei e da rainha, de Dona Leonor, viúva de D. João II e D. Beatriz, mãe do rei.
Lisboa é também muitas vezes defendida como o local certo. Outros, porém, indicam as Beiras para local de nascimento - de facto, verificam-se várias referências a esta área geográfica de Portugal, seja na toponímia como pela forma de falar das personagens. José Alberto Lopes da Silva[1] assinala que não há na obra vicentina referências a Barcelos nem a Guimarães, mas sim dezenas de elementos relacionados com as Beiras. Há obras inteiras, personagens, caracteres, linguagem. O conhecimento que o autor mostra desta região do país não era fácil de obter se tivesse nascido no norte e vivido a maior parte da sua vida em Évora e Lisboa.

Vida: Local e data de nascimento

—Apesar de se considerar que a data mais provável para o seu nascimento tenha sido em 1466 — hipótese defendida, entre outros, por Queirós Veloso — há ainda quem proponha as datas de 1460 (Braamcamp Freire) ou entre 1470 e 1475 (Brito Rebelo). Se nos basearmos nas informações veiculadas na própria obra do autor, encontraremos contradições. O Velho da Horta, a Floresta de Enganos ou o Auto da Festa, indicam 1452, 1470 e antes de 1467, respectivamente. Desde 1965, quando decorreram festividades oficiais comemorativas do quincentenário do nascimento do dramaturgo, que se aceita 1465 de forma quase unânime.
Frei Pedro de Poiares localizava o seu nascimento em Barcelos, mas as hipóteses de assim ter sido são poucas. Pires de Lima propôs Guimarães para sua terra natal - hipótese essa que estaria de acordo com a identificação do dramaturgo com o ourives, já que a cidade de Guimarães foi durante muito tempo berço privilegiado de joalheiros. O povo de Guimarães orgulha-se desta hipótese, como se pode verificar, por exemplo, na designação dada a uma das escolas do Concelho (em Urgeses), que homenageia o autor.
—A linguagem de Gil Vicente Gil Vicente emprega, em geral, a língua do povo, a língua de transição entre a arcaica e a clássica. Nas comédias, há passagens humorísticas e poéticas. Observa-se o uso freqüente de frases familiares, vocábulos populares como: guiolho, increu, somana, etc. No entanto, o vocabulário é rico e apropriado. As palavras pronunciadas por um clérigo ou um fidalgo não são as mesmas de um criado ou de uma feiticeira. Quanto à morfologia, observa-se na obra vicentina: _ uso da primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo ser é som; _ emprego de formas verbais como: arco (ardo), creçudo (crescido), ouvo (ouço), sodes (sois), etc; _ palavras, atualmente masculinas, empregadas no feminino: a planeta, a clima, etc.
—Monólogo do vaqueiro (ou auto da Visitação) (1502); _ Milagre de São Martinho (1504); _ Auto da Índia (1509); _ Écloga dos Reis Magos (1510); _ Farsa O Velho da Horta (1512); _ Moralidade da Sibila Cassandra (1514); _ Farsa Quem tem farelos? (1515); _ Auto de Mofina Mendes (151); _ Primeiro Auto da Moralidade das Barcas (1517); _ Moralidade da Alma (1518); _ Segundo Auto da Moralidade das Barcas (1518); _ Terceiro Auto da Moralidade das Barcas (1519); _ Auto da Fama (1520); _ Comédia de Rubena (1521); _ Farsa de Inês Pereira (1522); _ Comédia de Amadis de Gaula (1523).

Gil Vicente

—Gil Vicente (1465? – 1536): poeta e dramaturgo português. De sua vida pouco se sabe. Foi famoso como ourives, atraindo com suas obras de ourivesaria a atenção da rainha Leonor que se tornou sua protetora. Gil Vicente encenou suas primeiras peça em 1502. Exerceu na corte a função de organizador das festas palacianas. Seu prestígio foi grande a ponto de sentir-se à vontade para criticar o clero. Em conseqüência, teve algumas de suas peças censuradas pela Inquisição, por serem consideradas ofensivas à Igreja. A obra de Gil Vicente apresenta dois aspectos: o religioso e o profano. No primeiro, destacam-se os autos de moralidade, em que são oferecidos ensinamentos relacionados à moral cristã. Quanto ao aspecto profano, suas obras enfatizam a sátira, a crítica social e refletem as marcas de seu tempo. A obra vicentina completa contém 44 peças (17 escritas em português, 11 em castelhano e 16 bilíngües). Em ordem cronológica, vejamos as principais: